terça-feira, 6 de julho de 2010

Paz no chão

É necessário enterrar as coisas perecíveis
(E o que não é perecível neste mundo?)
É necessário ver morrer, matar
Tudo que tem necessidade de acabar

Ter a certeza de que não voltará, é passado, varrido
É apagar seu rastro, é necessário
Para que não volte, ser esquecido
É necessário matar a possibilidade que não existe

É necessário viver, todas as pequenas coisas
Amiúdes, repetidas vezes, as coisas
Que ai estão para serem consumidas
É necessário se consumir até a última fagulha

É necessário ter um emprego, casar e ter filhos
Que seja para abandonar tudo num futuro próximo
É necessário se apaixonar, e se apaixonar e se apaixonar
Quantas vezes for necessário, e deixar morrer

É necessário envelhecer, caducar, murchar
Sangrar, sarar, sair de fininho
E mais que tudo, é necessário morrer
Ser enterrado, a sete palmos, em cova rasa, cremado
E casar, ter filhos, um bom emprego, e uma casa no campo

Um comentário:

Rodrigo disse...

Amei, amei.

É o tipo de coisa que eu precisava ouvir, ou ler. Tô tentando entender essas coisas ainda...

Eu tô legal, tentando fazer algo de bom por mim baby. Espero que consiga. saudade de falar contigo...

Beijão!