sábado, 11 de agosto de 2007

Olhando de cima aqui me vejo!


O que é essa luz na frente de sua cama, que a consome. Consome-a, e se deixa consumir para passar esse maldito tempo que a devora viva. É devorada pelos seus próprios erros. E o que deveria ser uma virtude escapa-se como um pecado. Será este seu maldito destino. A loucura que tudo vê mas se cala para não ser levada ao manicômio. É lágrima que corre solitária como a ti. Desta vez nem o tempo foi seu cúmplice. O fim é a única verdade, tudo acaba. E todo fim é corrompedor (corrompe dor, cor rompedor). Corrompe mais um ciclo que se vai pelo ralo. Sua única companhia é a luz em frente a sua cama. Está cansada, mas teme fechar os olhos para não ver a verdade a que próprio procura. Agora a incerteza é seu guia. E fechar os olhos é lembrar um passado que não foi belo. Chora porque as lágrimas são sua única certeza. A certeza de que está viva e é humana. Seguir adiante nunca foi tão difícil como agora. Ter que sorrir para esconder a verdade é sua maior dor. Não dorme porque sua mente é assassina. Que mata sua alma aos pouco. O tempo passou e lhe restou uma rosa seca, sem cheiro e sem cor. Escarra na carne que beija para negar um futuro certo. E não erra seus sórdidos desejos, a certeza do fim sem a possibilidade de um novo começo. Agora tem que dar passos para trás e voltar a ser como era, normal, pois não será aceita com tantas mudanças, e não quer mudar porque dói. E a maldita luz na frente de sua cama a consome para que não se consuma e definhe em sua própria dor.
(Quadro - Edgar Degas)

4 comentários:

Anônimo disse...

É impressionate a tua capacidade de escrever. Uma vez me disseram q se a gente conhece o artista pouco se percebe a belaza de sua arte, por ter intimidade com a vida dele a arte acaba se tornado banal, por ser algo convivido.. enfim, nunca acreditei nisso.. as palavras "enigmáticas" deste texto carregado de emoções revelam a sua capacidade de transferir os sentimentos e experiências vividas com as pessoas a sua volta em literatura. O fato de conhece-la não atrapalha enxergar a beleza com q vc escreve, na verdade ajuda adimirar ainda mais vc e o q escreve.

Nós disse...

amor
saudadezona!!!!!

Duda Bandit disse...

não tenho certeza se a certeza é humana... quanto à dúvida, não há dúvida, é demasiado humana... talvez humano seja a fé, uma sensação de certeza, lembro um filósofo espanhol: fé que não duvida é fé morta...

um beijo, o nome do filósofo digo quando nos conhecermos, ou não, assumo a dúvida e amo paradoxos.

dudabandit@gmail.com

Anônimo disse...

"Só a loucura irreverente vai avante rumo ao céu".

não fui eu que disse, óbvio. mas fica como se fosse. Pra vc!